Síntese Por Fábio de Oliveira Araújo
Palestra sobre “O dilema do Método Histórico Crítico” no Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja em 2010 na Universidade Presbiteriana Mackenzie Por Augusto Nicodemus.
O Augustus Nicodemus (1954-), Pastor presbiteriano, escritor e professor realizou uma palestra sobre “O dilema do Método Histórico Crítico” no Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja em 2010 na Universidade Presbiteriana Mackenzie palestra a qual é exigência da disciplina Hermenêutica I que nós, alunos do primeiro ano, ouvíssemos, e trouxesse uma síntese dos principais pontos. Considerando o que foi requerido, destaco que o estudo, aborda a crise que o método histórico-crítico enfrenta na interpretação bíblica. Sua falta de resultados coerentes na academia e poucos resultados práticos na vida da igreja. Ele fala das instituições de ensino teológico no Brasil que ainda o utilizem como método de interpretação bíblica por excelência ele relata que muitos eruditos já vêm anunciando seu fim há décadas. E que método foi abandonado em muitas academias pelo mundo, substituído por novas hermenêuticas, e que no Brasil ganhou novo impulso com o reconhecimento dos cursos de teologia pelo governo. No estudo sobre o método histórico-crítico ele sugere um caminho alternativo. Para uma melhor compreensão Nicodemus começa o estudo, descrevendo o método gramático-histórico de interpretação da Bíblia, que parte do pressuposto de que a Bíblia é a palavra de Deus, infalível, humana e divina. Embora reconheça o caráter histórico e humano da escritura, o método gramático-histórico não admitia erros ou contradições nos textos bíblicos. Quando surgiam problemas de interpretação, a solução era buscar uma harmonização dos relatos, o que impedia a aceitação de tradições diferentes e admitir equívocos no texto. Esse compromisso com a inspiração da Bíblia foi sendo abandonado na Europa do século 17. Esse método foi influenciado pelo iluminismo e se distingue da baixa crítica, que se ocupa dos manuscritos e da questão textual. O método histórico-crítico absorveu características do humanismo, do deísmo inglês, do ceticismo francês e da razão iluminista, enfatizando o humano em detrimento do divino, adotando a dúvida como pressuposto dogmático e metodológico, e privilegiando a razão em detrimento da revelação. Seus defensores o viam como um avanço em relação às interpretações anteriores, que eram viciadas pelos dogmas teológicos. Nicodemus, argumenta que o entusiasmo em relação a este método surgiu porque as pessoas perderam a consciência de que o pecado afetou a capacidade de discernimento espiritual e passaram a acreditar que o homem é capaz de descobrir a verdade através da análise crítica e racional. Além disso, acredita-se que toda pesquisa pode ser feita de maneira isenta, o que não leva em consideração os efeitos do pecado na compreensão humana. O método histórico-crítico, que surgiu como uma forma de interpretação bíblica supostamente neutra e científica, livre de pressupostos teológicos, mas que na verdade possui um ponto de partida teológico e dogmático. O método buscava separar a Palavra de Deus da Escritura, alegando que a Bíblia continha erros e contradições, e assim encontrar o "cano normativo" que continha a Palavra de Deus. O texto argumenta que o método histórico-crítico não é neutro, mas sim influenciado por pressupostos teológicos e dogmáticos. A crítica bíblica como um método que pressupõe desde o início o direito do crítico de emitir juízo sobre as afirmações bíblicas como sendo ou não verdadeiras. Interpretar a Bíblia historicamente significa reconhecer que ela contém contradições, o que se tornou um dos princípios operacionais do método histórico-crítico. Outros críticos levantaram dúvidas sobre a autenticidade da Escritura, resultando em metodologias como a crítica das fontes, a crítica da forma e a crítica da redação. A crítica da forma procura encontrar as formas originais dos textos bíblicos durante sua transmissão oral, identificando as alterações feitas pelas comunidades que os receberam e posteriormente publicaram no formato canônico. Alguns críticos, usam essa abordagem para identificar o material autêntico no Evangelho de Marcos. Há uma diferença de opinião entre os críticos, alguns sendo considerados moderados, enquanto outros são considerados radicais. Nicodemus, cita também que o objetivo do método é descrever a história da igreja de maneira objetiva e desmistificar as histórias bíblicas, que não são consideradas confiáveis do ponto de vista histórico. O autor discute as críticas feitas por estudiosos alemães e exemplos de pesquisadores que, embora tenham sido educados com o método histórico-crítico, posteriormente questionaram sua eficácia. Além disso, ele destaca o argumento de Warfield (1851-1921), pastor presbiteriano americano que questiona a adequação do método crítico para analisar a Bíblia, pois ele parte de pressupostos opostos aos escritos bíblicos e não produz resultados objetivos e aceitos por todos. Por isso, o Reverendo Nicodemus, traz contra o método histórico-crítico de análise das escrituras, apontando quatro objeções principais: a falta de distinção teológica, a separação entre academia e igreja, a ausência de uma mensagem clara e eficaz para a comunidade e a incapacidade da razão natural para reagir adequadamente à revelação divina. Ele defende que esse método produz resultados contrários à fé da igreja e não oferece soluções para as questões práticas e existenciais da comunidade de fiéis. Além disso, ele sugere que os críticos que o utilizam muitas vezes não colocam suas ideias em prática nos púlpitos e na pregação para os membros da igreja. Logo, ele destaca a importância de um método que seja teológico e esteja sensível aos estudos modernos de ciências correlatas, como linguística, crítica literária e filosofia da linguagem. Ele defende a incorporação de novas perspectivas ao consagrado método gramático-histórico, sem comprometer o princípio de que a Bíblia é a palavra de Deus e que nela se manifesta plenamente a revelação divina. Ele também discute a influência do método histórico-crítico no liberalismo teológico e na ortodoxia, assim como o uso de métodos de interpretação bíblica por alguns líderes religiosos. Por fim, ressalta a importância do envolvimento dos concílios e das juntas responsáveis de educação teológica na correção de possíveis desvios interpretativos em seminários reformados
Referências Bibliográficas: NICODEMUS, Augusto. O dilema do Método Histórico Crítico [vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3zb7YWEplBw&t=2901s. Acesso em: 14 abr. 2023.
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